Não sei bem quando surgiu essa ideia de que o médium é uma "pessoa especial" porque possui a capacidade de fazer e sentir coisas consideradas sobrenaturais como falar com ou ver espíritos, etc. Existe esse mito de que médiuns são introspectivos, super-espiritualizados, quase mágicos e desligados das responsabilidades terrenas. E esse é o pior tipo de estereótipo que qualquer médium (de Umbanda, Candomblé ou Espiritismo) pode ter, além de um péssimo exemplo para quem está começando.
Lembro de ter atendido um consulente de primeira viagem que achava "lindo" se vestir de branco e ter aquele monte de guias no pescoço e que ele gostaria de entrar no desenvolvimento para se tornar um médium também. Comparo com uma criança que viu um show de mágica e deseja virar mágico. Diferente dos médiuns kardecistas, a exposição do médium de Umbanda é bem maior porque ele dança, muda a fisionomia e carrega a sabedoria emprestada das entidades que incorpora. E, em alguns terreiros, a gira parece realmente um espetáculo com todos aqueles atabaques tocando e tal. Mas o médium precisa saber qual é a dele e conhecer mais sobre a sua relação com a espiritualidade que carrega.
Médiuns não são Ets. Somos pessoas em primeiro lugar. O que acontece com qualquer pessoa comum, também acontece com o médium. Podemos (e ficamos) doentes como qualquer um, conquistamos e perdemos oportunidades, sentimos amor e raiva, tédio e tristeza, alegria e felicidade. E também precisamos trabalhar, pagar contas e tudo mais.
Ter qualquer tipo de "dom" (e explicar um dom fica para outro artigo) não faz do médium alguém que pode escapar do seu destino, de um pneu furado ou da fila do banco. É importante para quem está começando, entender isso e não deixar sua mediunidade "subir à cabeça". Sacou o trocadilho?
E por quê isso é importante? Para não inflar o Ego. Por exemplo, é comum existirem médiuns em um terreiro que atraem mais consulentes e uma fila enorme, enquanto outros têm apenas uns três ou quatro gatos pingados. O trabalho é o mesmo e isso não tem a mínima importância para os objetivos da Umbanda mas para muitos, causa uma invejinha e até insegurança. E o médium que tem o filão é responsável por isso também. Nada pior do que um médium metido porque tem uma fila grande. E isso muda com o tempo, portanto, desencane.
A questão aqui é reconhecer que a mediunidade vai te trazer mais responsabilidades, além daquelas que todo mundo precisa cumprir normalmente na vida. Sim, existem elementos na espiritualidade (como o Orixá que você carrega, Linha de Caboclo, Santa, etc) que imprimem uma personalidade em particular para cada um. E isso também vai ser entendido no tempo certo e no crescimento gradativo da pessoa dentro de um terreiro. Pra ser sincero, todo médium tem um jeito meio esquisito mesmo mas, por gentileza, não deixe que a sua mediunidade seja um motivo para agir como um "ser misterioso" ou, na pior das hipóteses, meio babaca.
Ainda vou falar, em outros artigos, sobre os mais de 50 tipos de mediunidade e tal mas este é apenas para dar um toque inicial: desenvolver a mediunidade é desenvolver você mesmo e sua interação com o mundo, é para integrar e não separar você "dos outros". É um trabalho que, feito de forma honesta e verdadeira, só trás alegrias. Fique esperto.
Axé e até a próxima!
Dicas de Leitura:
Assim como a assistência, o médium também está ali buscando sua evolução espiritual, crescendo junto. Uma troca linda de energia! <3 Axé!
ResponderExcluirQuando o médium passa achar que é diferente, que é mais isso, mais aquilo do que qualquer pessoa já errando.
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