quarta-feira, 30 de março de 2016

FANTASMAS, ESPÍRITOS, APARIÇÕES, SUPERSTIÇÃO, MÉDIUNS E O SCOOBY-DOO


No creo en brujas, pero que las hay, las hay - Ditado Castelhano

 Tanto a Umbanda quanto o Candomblé oferecem um universo enorme de entidades, Linhas de Trabalho que se subdividem, seres Elementais (de água, fogo, ar e terra), etc.  Sério, são milhares e conhecer tudo isso pode levar mais de uma vida. Os nomes dados pelas entidades, por exemplo, guardam significados ocultos sobre sua origem e atuação e quanto mais diferente o nome, mais profunda pode ser a sua pesquisa (se isso te interessar). É por isso que médium não deveria ser supersticioso. Mas, a grande maioria é. E isso precisa mudar.

Como a Umbanda é uma religião relativamente nova (comparada com as outras) e sempre foi cercada de preconceito, a superstição popular acabou sendo agregada aos relatos de origem espírita e folclórica. Lembra algo como aquela história que não se pode misturar leite com manga para não morrer (um boato espalhado pelos senhores de engenho, entre os escravos, para que eles não roubassem os alimentos). Todos nós crescemos com alguma superstição ou crendice, vinda de nossos pais e avós. Para um médium, porém, isso pode ser especialmente prejudicial para tratar casos reais de perturbação espiritual, encostos, maldições familiares, etc. É nesse momento que pode surgir o médium Scooby-doo.


O médium Scooby-doo é aquele que acredita em tudo. Tudo mesmo. Ele acredita em duendes, fadas, bruxas, gatos pretos e o diabo a quatro. Em outras palavras, é uma pessoa muito sugestionável e de fácil manipulação por terreiros de intenções duvidosas (sim, têm um monte por aí). Podemos até dizer que duendes e fadas existem, mas não da forma que você conhece pelo cinema e pela literatura. Acreditar é mais fácil do que duvidar porque uma dúvida pode te levar a pesquisar sobre o assunto. E, além de prejudicar a si mesmo, o médium vai prejudicar o atendimento porque os consulentes também são, na sua maioria, Scooby-doos. Isso pode ser uma surpresa para você, mas os consulentes nem sempre falam a verdade. Eles contam o ponto de vista deles. E esse ponto de vista também é marcado por preconceitos, crendices e superstições diversas. Isso, sem falar que o consulente sempre quer parecer a vítima da sua própria história (o que pode ser verdade ou não).

A Fé é uma ferramenta poderosa para transformação do Mundo, se for bem administrada e dirigida. Boa parte do lado "misterioso" da Umbanda não é fruto do segredo dos rituais e procedimentos mas da falta de estudo (do médium) sobre o assunto. Por exemplo, na Idade Média, curas milagrosas aconteciam quase que diariamente nas pobres vilas e povoados para quem se tratasse com uma curandeira local (que depois seriam chamadas de bruxas). Elas possuíam um conhecimento diferenciado sobre ervas e unguetos (pomadas) mas o seu principal "ingrediente secreto" era a água. Essa água vinha dos baldes que os ferreiros da época usavam para resfriar as espadas, ferraduras e outras peças que fabricavam. Descobriu-se, depois, que essa água continha uma alta dose de partículas de ferro, uma vitamina essencial para o organismo humano, muito em falta para maioria do povo na Idade Média. Menos mistério e mais ciência e conhecimento em botânica, percebem?


Nos meus 47 anos de vida e quase 20 de Umbanda, só vi um "fantasma", o do meu avô. Fantasmas são definidos como espíritos ou almas porque ainda não surgiu uma explicação melhor e eu discordo dessa definição. Acredito que o médium moderno deve conhecer um pouco sobre o corpo humano, sobre botânica e sobre as vitaminas e doenças mentais para não aceitar um relato sem nenhum questionamento. História e Folclore também deveriam fazer parte do aprendizado. Sim, é muita coisa para conhecer e estudar, além da própria Umbanda. Mas essa é a verdadeira magia dessa religião: mexer com a nossa curiosidade e vontade de aprender mais e mais e sempre.

Menos Scooby-doo e mais conhecimento, galera. Axé e até a próxima!

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